segunda-feira, 20 de maio de 2013

CB 300R ou Fazer 250?






A Honda mostra aparente superioridade na CB 300R, substituta da saudosa Twister 250, herdeira da série CBX que fez história no país. A Yamaha Fazer 250 BlueFlex tem motor menor, desenho menos inspirado e mercado pequeno, mas o MotoReport sabe que todas as motos têm suas vantagens e desvantagens – e que é o comprador o único com poder para ponderá-las de acordo com as necessidades.

A Fazer chegou em 2005 para concorrer com a Twister 250, dona do mercado e dos corações dos motociclistas. E ao invés de aparecer com mais poder – afinal, é isso que impressiona – veio com duas válvulas, uma marcha e três cavalos a menos. Foi duramente criticada pela imprensa por parecer antiquada demais, apesar de ser a primeira popular com injeção eletrônica. Naquela geração, o painel era analógico com grafismos dos anos 80 e as rodas com raios curvos destoava do que havia no mercado de esportivas. 

A segunda geração perdeu a oportunidade de brilhar, já que foi lançada depois da CB 300R, uma moto maior, com motor mais potente e um estilo encontrado apenas em esportivas de grande porte. A Honda conseguiu levantar a moral da categoria.

Nesse comparativo reunimos Honda CB 300R básica, vendida por R$ 11.690, e Yamaha Fazer 250 BlueFlex, que tem o mesmo preço. Para facilitar o entendimento do leitor, o MotoReport costuma confrontar detalhes, e nesse comparativo não seria diferente. 

           MARCA    

Um item que nunca apareceu num Qual comprar? é esse. No entanto, sua presença é tão importante quanto a dos outros abaixo, pois é sempre o primeiro a ser avaliado pelos consumidores. O futuro comprador deve esquecer os mitos criados há anos pelo mercado e ficar atento às qualidades do produto. Quem pretende comprar uma moto precisa investigar a personalidade de cada modelo, de modo a levar para casa aquele que está apto a satisfazer necessidades genuinamente pessoais.

Essencial é averiguar a qualidade dos serviços de cada concessionária. Os vendedores devem ser interessados pelos problemas dos clientes, o gerente deve ser uma pessoa responsável e a oficina deve ter dois mecânicos experientes, no mínimo. Com relação a preço de peças e serviços, o ideal é pesquisar o valor de uma cesta composta por pastilhas de freio, piscas, kit de transmissão, pneus e revisão periódica.

           APARÊNCIA E ACABAMENTO   


As fábricas buscaram inspiração nos segmentos superiores para desenharem suas urbanas populares. A Yamaha usou a FZ6/XJ6, enquanto a Honda usou a Hornet 600. O resultado poderia ser melhor, sobretudo na Fazer, que peca pelo excesso de vincos. Na 300 os piscas de Titan 2000 destoam do estilo robusto.


Considerando os preços, acabamento é um ponto critico nas duas, que usam piscas e tampa de tanque de motos de entrada (facilitam a reposição, por outro lado). A Fazer usa retrovisores e comandos da YBR e tem frestas grandes entre as aletas e tanque, mas compensa com assento bem conformado, piscas dobráveis, ótimo apoio de passageiro, pára-lama traseiro incorporado e rodas bem acabadas, que curiosamente são praticamente iguais às da concorrente. A CB 300R tem bom assento, shutter-key e escapamento cromado, mas peca pelos comandos de Twister e pelas peças plásticas que desbotam facilmente. 


           MOTOR E CÂMBIO    

Os 42 cm³ que a Honda tem a mais representam pouco frente ao conjunto bem acertado da rival. Com pistão forjado e cilindro de cerâmica dispersiva de calor, o propulsor da Yamaha é reconhecido pelo bom rendimento e sobretudo pela confiabilidade. O da Honda vibra bastante e teve milhares de casos de vazamento de óleo.

A CB 300R tem pedal de câmbio e embreagem mais macios, ao contrário da Fazer. Ambas têm o problema das relações de marcha curtas por compartilharem os motores com motos fora-de-estrada (Lander e XRE), que priorizam a força em detrimento à velocidade máxima. Na Honda o problema é ainda mais grave.

Comparando as fichas técnicas a Honda parece ser superior, mas no mundo real a Yamaha é parelha em praticamento todos os aspectos, incluindo velocidade máxima.


           NO DIA-A-DIA     


A Honda CB 300R tem mais torque (2,81 kgfm contra 2,1 kgfm) e é mais fácil de pilotar por ter assento mais baixo e comandos mais leves, mas a Yamaha tem suspensão muito bem ajustada que prima pelo conforto e pneus de especificação S (aptos a 180 km/h), mais macios que a H (210 km/h). A Yamaha é superior também em suspensão traseira (com Pro-Link) e em acerto de chassi.

As duas estão bem servidas de freios, com discos nas duas rodas, mas só a Honda oferece sistema ABS como opcional (por R$ 1.700), muito útil para o controle direcional em frenagens. Os quadros de instrumentos têm iluminação perfeita, mas a Yamaha tem farol melhor (e com interruptor para desligá-lo), lanterna com LEDs e tanque maior. Bom seria se ambas usassem tampa de tanque articulada, como na Suzuki GSR 150i. Na estrada as duas apresentam bom rendimento e conseguem manter velocidade de cruzeiro (110 km/h) com tranquilidade.


           CONSUMO DE COMBUSTÍVEL    

A menos que a região seja a Sudeste, não vale a pena pagar mais por uma versão Flex para ter a possibilidade de abastecer com etanol. A única vantagem da versão para o restante do país, sobretudo o interior,  está na maior adaptabilidade ao combustível adulterado.

A Honda NC 700X mudou os padrões de eficiência por ter excelente relação desempenho/consumo. Portanto, as duas rivais já não podem ser consideradas econômicas, embora tenham consumo adequado, com discreta vantagem para a Yamaha.


           VEREDICTO    

Com mais conforto, confiabilidade e chassi acertado, a Fazer é disparada a melhor opção, certo? Não. A Yamaha tem equipe de pós-venda menos preparada, menor oferta de peças no mercado paralelo (fato que eleva os preços), embreagem dura e perdeu a vantagem do custo/benefício, detalhes que podem fazer a diferença para quem quer apenas uma moto bonita, fácil de pilotar, de manter e revender.

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